Contos de um Arqueiro Auxiliar Romano - Parte 2

                "Gauleses!" - ouviu o terceiro centurião da quarta coorte da legião X berrar sobre os vultos originários da fumaça das fogueiras. Como fizera tantas outras vezes naquele mesmo ano, tomou o arco em mãos, prendeu a aljava às costas e se reuniu aos Auxilia.
               Ouviu o sangue martelar junto aos ouvidos. Acostumara-se a isso ante batalhas iminentes, de forma que aquele poderia ser considerado um ritual de preparação.
                Um cavalo de pelagem negra cinilante recoberto em um manto vermelho passou cavalgando à toda velocidade por entre as colunas que começavam a tomar forma de um exército. A fina névoa impedia que se avistasse algo mais distante, contudo Gartus sabia que a cavalaria estaria se agrupando em algum lugar ali perto. O odor era inconfundível.
                   O cavalo do General Gaius voltou com seu cavaleiro em um trote elevado. Logo atrás, General Antônio o acompanhava xingando a Gália e todos os habitantes que a compunham, ao passo que alguns metros atrás um corneteiro tocava a toada de dissolução da formação.
                   Mais palavrões. Dessa vez vindos dos bravos da Décima que, por sua vez, amaldiçoavam não os gauleses, mas sua posição na extremidade do agrupamento de legiões, e pelo azar de terem de dividir terreno com os auxiliares.
                 Gartus se deitou apoiando a cabeça sobre os braços cruzados. Dormiu pensando no Tártaro que seria enfrentar Vercingetórix. O velho rei estava ficando acuado e não tardaria ao General Gaius derrotá-lo em campo. Ao menos, esperava que não.

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